O crescimento de uma organização envolve a aplicação de metodologias e cumprimento de regras, qualquer alteração nos processos em uma empresa demanda um ajuste quanto aos controles internos, sendo assim, hoje trago um tema fundamental para as organizações que estão buscando se desenvolver no mercado: equidade na governança corporativa.
Com mais de 35 anos de vida corporativa, e desde 2015 à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, acredito no poder do princípio da equidade na governança corporativa.
Equidade resumidamente está relacionada ao tratamento justo e uniforme de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), considerando os seus direitos, deveres, necessidades, expectativas e interesses. É natural que ao se pensar nesse princípio da governança corporativa venha à mente os demais princípios porque, claro, são indissociáveis.
Esse tratamento igualitário e justo às partes interessadas deve se estender a todos os grupos: colaboradores, clientes, fornecedores, investidores, entre outros. Segundo o código de conduta do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), políticas discriminatórias são completamente inaceitáveis.
Relações baseadas na igualdade e transparência são a base da governança corporativa
Vamos à prática do que representa a equidade na governança corporativa utilizando como exemplo dois contextos desproporcionais dentro de alguns dos princípios da governança corporativa:
Utilizando como exemplo o princípio da transparência, considere um cenário em que se faça distinção entre acionistas majoritários e minoritários, entre investidores de mercado, fornecedores de bens e serviços, financiadores, entre outros, no momento de prestar as informações sobre ações, questões jurídicas, etc. Obviamente que os demais princípios também estão agravados nesse cenário e qual o fio condutor dessa realidade senão a falta de equidade nas relações?
Não se pode pensar em avanço em uma organização quando não se tem equidade entre todas as partes envolvidas na empresa.
Vamos para outro cenário? Em uma reunião previamente agendada pelo conselho fiscal, apenas alguns auditores independentes são convocados e as informações são repassadas apenas a esse grupo seleto. O mesmo fio condutor responsável por essa assimetria é a falta de equidade na governança corporativa.
Algo que parece tão óbvio ainda costuma ser um problema entre muitas organizações. Quando uma informação simples é solicitada a um determinado setor, parte dos responsáveis desconhece as atualizações e não consegue dar um panorama preciso de sua área de atuação e esse problema teve início ali, no básico, no alicerce, que é a equidade, tratamento justo e imparcial entre TODOS.
Se alguém em uma organização ou em um grupo de pessoas não “merece” saber sobre a empresa, ter as informações que lhe são cabidas, alguma coisa muito estranha está acontecendo, esse grupo é o mais adequado para estar à frente da organização?
E se a resposta for sim, é um grupo adequado, mas algumas pessoas são “mais capacitadas do que outras”, também temos nesse cenário um grave problema. Se uma empresa não pratica equidade não pode dizer que tem uma governança corporativa, se não existe transparência nas relações, na prestação de informações, se o tratamento a todos os envolvidos no negócio é seletivo e injusto, temos graves problemas de conduta e ética empresarial.
Podemos também associar equidade à integridade em uma empresa, diferenciações são inadmissíveis, estamos ainda no Brasil em um cenário de desconstrução da hierarquia tradicional (vertical) e aprendendo a repensar as lideranças, a considerar a hierarquia horizontal, em que todos assumem seu papel e que juntos compõem a estrutura de crescimento da empresa.
Outra questão importante quando se fala em equidade na governança corporativa que julgo fundamental abordar é a diferenciação decorrente seja pelo grau de relação entre as pessoas, seja por conta da influência de determinadas pessoas ou grupo na empresa, nível de participação no capital, etc.
É absolutamente inadmissível que em pleno 2020 as organizações ainda levem em conta esses detalhes muito mais relacionados ao comportamento e à própria conduta pessoal do que os procedimentos técnicos e habilidades individuais e complementares das pessoas que compõem a organização.
Atualmente percebo atendendo diversos segmentos de negócios, que algo muito importante precisa ser revisto nas empresas que é como acontecem os relacionamentos no ambiente organizacional. Até que ponto uma empresa pode agir movida por questões emocionais? E aqui menciono a empresa como a que age, porque é isso, as PESSOAS compõem o organismo vivo que é o negócio, e o que é visto como identidade da empresa é esse conjunto de diferenças e ações.
É possível contar com a equidade na governança corporativa? Acredito que é possível contar com a governança corporativa como guia para que o negócio se expanda no mercado por meio de práticas saudáveis.
Dentre as ações mais importantes na governança corporativa está a capacidade de conseguir uma padronização dentro da identidade e cultura do negócio desde as bases que constroem a empresa como os relacionamentos entre pessoas até a aplicação de técnicas e habilidades pautadas em código de conduta.
Não há áreas menos ou mais importante, pessoas mais ou menos importantes, princípios mais ou menos importantes e é esse conjunto que torna a governança corporativa a base das empresas mais bem-sucedidas no mundo.
Carlos Moreira – Há mais de 35 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria) e CCO (Diretor Comercial e de Marketing).É empresário há mais de 15 anos e sócio e fundador da MORCONE Consultoria Empresarial.
Por Daiana Barasa