Com 51 novos casos, Goiás teve nesta terça-feira (14) o maior número de confirmações de pessoas infectadas pelo novo coronavírus em um único dia desde o início da pandemia, totalizando 284. Se comparado com a última terça-feira, quando havia 133 pacientes confirmados, esse número mais que dobrou no Estado, o que mostra uma aceleração da curva de casos. Em Goiânia, 24 novos bairros tiveram registro da doença (Covid-19) na última semana e agora todas as regiões da capital têm registro de infecções.
O total de 284 casos conta nos boletins do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), que mantiveram em 15 o número de mortes. O aumento proporcional nos últimos sete dias foi maior que o registro nacional, que tinha 14.049 infectados na semana passada e tem, 25.262, com 80% de acréscimo.
Os casos confirmados estão distribuídos em 40 municípios. Goiânia lidera com maior número de casos: 160, sendo que 30 dessas confirmações ocorreram em um dia. Depois aparece Anápolis, com 20 casos e, sem seguida, Goianésia, com 16 confirmações. Diversas cidades aparecem com apenas um caso.
A médica infectologista e epidemiologista Cristiana Toscano destaca que o aumento de casos por dia já é esperado. No entanto, ela pontua que o aumento diário de casos confirmados tão alto, como o que ocorreu nesta terça-feira, pode ser algo pontual.
“É sempre bom lembrar que o crescimento em um dia às vezes representa questões operacionais de liberação de testes pelo laboratório, de casos eventualmente em investigação no final de semana. Então é bom esperar essa avaliação e se confirmar, fazer uma análise considerando uma média por dois, três dias. Mas de qualquer forma é esperado esse aumento de forma exponencial e vai continuar a acontecer nas próximas semanas”, analisa a pesquisadora, que é vinculada ao Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG e faz parte do Centro de Operações de Emergência (COE) que monitora o vírus em Goiás.
Dobra
A doutora em Saúde Pública e epidemiologista da Faculdade de Medicina da UFG, Erika da Silveira, explica que um parâmetro para saber se a velocidade do aumento de pessoas contagiadas está alto é calcular a “velocidade da dobra”, ou seja, a quantidade de dias que demorou para que o número de casos confirmado dobrasse. Goiás dobrou de 50 casos para 100 casos em 7 dias. Também dobrou de 100 para 200 em 7 dias. No início da epidemia, para chegar do primeiro caso até 100 demorou 23 dias.
“Goiás está seguindo o mesmo padrão mundial. No início a curva não parece nem uma curva, parece uma reta paralela ao eixo horizontal. A medida que tem mais casos, o vírus está disseminando mais, o contágio pessoa a pessoa aumenta a contaminação e passa para uma progressão exponencial”, explica.
Segundo a pesquisadora, a velocidade de dobra de 7 dias de Goiás é um reflexo do isolamento social, com o fechamento de escolas e comércios. Em países com contágio mais desenfreado, o número de casos confirmados chega a dobrar em 24 horas. “Tenho a sensação que a partir de agora, essa velocidade de sete dias deve diminuir e a gente deve começar a dobrar em um tempo bem menor, porque nas últimas semanas a movimentação na cidade tem aumentado bastante”, prevê a epidemiologista.
Goiânia tem registros em todas as regiões
Em Goiânia, todas as regiões contam com registro de infecções. É o que mostra a plataforma Covid Goiás, criada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com base nos dados do Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Reportagem do POPULAR mostrou que no dia 6 de abril que o sistema da UFG apresentava 31 bairros com pacientes diagnosticados com Covid-19. Este número saltou para 55 na segunda-feira (13), data em que novos casos foram identificados na região Noroeste da capital, a única que até então não tinha registros.
Os setores Cândida de Morais, Ipiranga, Capuava, além do Guanabara, Recanto do Bosque, Balneário Meia Ponte e Vila Pedroso são alguns dos 24 bairros que passaram a apresentar novas infecções confirmadas.
Na cidade, os primeiro casos foram diagnosticados na região Centro-Sul, onde estava concentrada a maioria dos registros. Eram moradores de bairros centralizados com situação socioeconômica mais alta e de condomínios horizontais, que tinham voltado recentemente de viagens internacionais. Mas este perfil mudou.
Professor da UFG, Manuel Ferreira reforça que o crescimento da infecção nas regiões Norte e Noroeste da cidade, especialmente nas divisas do município, indica o estabelecimento do contágio comunitário, que é quando não se sabe a origem do vírus que infecta cada pessoa.
“Não temos mais um eixo Centro-Sul de contaminação. A doença chegou a bairros localizados bem no limite da capital”, analisou.
Via O Popular