Morreu, na noite desta terça-feira (26), aos 5 dias de vida, a bebê que teria sido ferida durante o parto no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro. Familiares de Antonela denunciam a unidade por negligência médica e violência obstétrica.
Yasmin Santos, tia da bebê, relatou que a gravidez da irmã, uma jovem de 16 anos, correu sem problemas, e acusou a equipe médica do hospital de ter forçado o parto normal.
“A gravidez foi saudável, os exames mostram isso. Desde que ela entrou nesse hospital, nossa vida virou de cabeça para baixo. Foram mais de 15 horas forçando um parto que não saía de jeito nenhum”, disse.
De acordo com Yasmin, a irmã tinha o desejo de fazer uma cesárea, por ser muito nova, mas sua vontade foi negada pelos profissionais da maternidade.
“Minha irmã sempre disse que queria fazer cesárea, porque ela só tem 16 anos. É pequenininha, não tem estrutura. Tinha muito medo. Ela pediu para fazer uma cesárea, mas a médica perguntou: ‘Você quer se livrar da dor? Você vai ter um parto normal’”, afirmou Yasmin.
A criança só nasceu após ser puxada com um instrumento chamado vácuo-extrator, utilizado quando o bebê fica preso no canal vaginal. O procedimento durou cerca de uma hora, segundo a tia.
Antonela não resistiu após ter mais duas paradas cardíacas nesta terça. Foram quatro, ao todo. A primeira ocorreu logo após o nascimento, na última sexta (22), quando a recém-nascida foi levada para a UTI neonatal do hospital.
Os familiares da pequena contam que ela foi ferida pelo instrumento utilizado durante o parto. Yasmin afirmou que, ao ser questionada sobre o sangue na cabeça de Antonela, a médica disse que se tratava de sujeira.
No entanto, outra profissional afirmou, no sábado (23), que apenas um milagre poderia salvar a criança, que havia passado por sofrimento fetal agudo, de acordo com a tia.
Yasmin disse que a mãe da bebê está abalada e não está recebendo apoio psicológico.
“Não consegue sair de casa. A psicóloga avaliou ela no hospital e disse que não estava bem. Não está tendo acompanhamento, só queriam chutar ela para fora do hospital”, afirmou.
Em nota, a direção do Hospital da Mulher Mariska Ribeiro lamentou a morte da bebê e informou que abriu um processo de apuração do atendimento prestado à paciente durante o parto.
Além disso, a unidade afirmou que está à disposição da paciente e dos familiares para prestar quaisquer esclarecimentos.
Anteriormente, a direção havia comunicado que o uso do vácuo-extrator é indicado em algumas circunstâncias durante o parto, como ocorreu com a paciente. Também alegou que não houve corte na cabeça da bebê, mas sim um hematoma típico do uso do aparelho e que, na maioria das vezes, regride em poucos dias.