O Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero) suspendeu provisoriamente as atividades da empresa responsável pelo mutirão de cirurgias oftalmológicas em Vilhena (RO). Com isso, a empresa não tem autorização do conselho para funcionar e enquanto não apresentar formalmente as adequações não pode voltar a atuar em mutirões.
As cirurgias foram feitas em março no Hospital Regional de Vilhena por uma empresa contratada pelo Governo de Rondônia, através do “Projeto Enxergar”.
Durante o mutirão, o Cremero fiscalizou o local e encontrou irregularidades quanto às condições de segurança dos pacientes. Entre os problemas apontados estavam: aglomeração de pessoas com Covid-19 sem o isolamento recomendado e mais de um paciente sendo operado, ao mesmo tempo, por apenas um médico.
Em nota, o Cremero informou que a decisão de suspender as atividades da empresa foi tomada após amplo debate sobre a gravidade das irregularidades e tendo em vista o “iminente risco de propagação de doenças oftalmológicas”. Por isso, foi pedida a interdição cautelar com a suspensão provisória da pessoa jurídica, até que o procedimento administrativo seja concluído, ou até que a empresa apresente condições adequadas de pessoal, para exames e pós-operatório.
O Governo de Rondônia ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.
A Prefeitura de Vilhena informou que não foi notificada, apenas orientada verbalmente e que solicitou à empresa que adeque o atendimento. A prefeitura disse ainda que por questões particulares do médico, as cirurgias já seriam suspensas e destacou que procedimentos cirúrgicos foram realizados no mesmo local em 2020 e 2021, e tudo correu bem. Por fim, declarou que infecções registradas em operações em Porto Velho são de outra empresa e não tem nenhuma relação com o projeto em Vilhena.
Surto de infecções
No início de março, o Cremero havia confirmado um surto de infecções entre pacientes que participaram de um dos mutirões oftalmológicos realizados pelo governo do Estado. Na época, o Conselho enviou recomendação para que os mutirões sejam suspensos até o esclarecimento dos casos.
Pelo menos 40 pessoas foram diagnosticadas com endoftalmite, uma infecção oftalmológica pós-cirúrgica, e 13 deles foram positivados para a bactéria pseudômonas, a mais grave na especialidade.
Alguns dias depois, o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) instaurou um procedimento para apurar a possível falha na prestação de serviço da clínica que fez as cirurgias.
Via G1 de Rondônia