Há três anos, um toque nos seios fez com que Lucilene Oliveira, moradora de Porto Velho, em Rondônia, sentisse algo fora do comum na mama esquerda. Após buscar por informação, lhe acendeu o alerta para ir atrás de ajuda profissional. Hoje com 43 anos, ela continua sendo acompanhada na luta contra um câncer de mama e garante que, depois disso, sua vida “nunca mais foi a mesma”.
Lucilene precisou passar por uma mastectomia radical (retirada da mama) e muitas sessões de radioterapia. Mesmo antes do diagnóstico positivo, a estudante de técnica de enfermagem sempre se preocupou em fazer exame preventivo, apesar da correria do dia a dia.
“Fiz meu preventivo em outubro de 2018 e na época também uma ultrassom da mama. Nesse foi detectado um nódulo bem pequeno no mamilo papilar da mama esquerda. A partir dessa ultrassom começou toda uma investigação. Foi quando a gente percebeu que tinha um tumor mais agressivo”, relembrou.
“Eu era uma pessoa que se preocupava em cuidar dos outros e esquecia de mim mesma. Hoje penso muito em me cuidar. Hoje consigo dar mais valor às minhas amizades, família e a quem está comigo. Aprendi com a doença que a gente tem que viver o hoje”.
Sem surpresa
Lucilene contou ao G1 que já esperava o resultado positivo, pois havia entendido que o nódulo notado no autoexame era incomum. “Eu estava preparada para sim e também para o não. Claro que chorei no momento em que recebi a notícia de que estava câncer, mas eu decidi encarar o problema com bastante tranquilidade”.
Mastectomia radical da mama esquerda, mais 18 sessões de quimioterapia e outras 25 sessões de radioterapia. Esses foram os procedimentos realizados em Lucilene durante todo o tratamento contra o câncer até então.
A queda dos cabelos foi inevitável por causa da quimioterapia. Mas o mais doloroso para ela, que é mãe de dois meninos, um de 22 anos e outro de 12 anos, foi de fato a retirada da mama.
“No primeiro momento, eu tinha entendido que eles removeriam apenas o mamilo, o que seria mais fácil pra fazer uma reconstrução. Mas ao decorrer do exames foi visto que havia bastante ‘areiinhas’ na região da mama. Então foi quando a doutora disse que tinha que fazer a remoção da mama”, explicou.
Ela disse que, nesse primeiro instante, resolveu não assimilar e ir aceitando a condição. Apesar disso, foi percebendo aos poucos que o problema era de fato mais sério do que imaginava. “Eu ia perder a mama! Falei pra minha médica que eu queria casar e perguntei pra ela como eu ia casar sem a mama. Me preocupava como ia ficar no vestido”, relembrou.
Mas no mesmo dia em que Lucilene fez a retirada da mama, passou pela reconstrução. Para ela, a cirurgia revigorou a autoestima. “Entrei na cirurgia e já de lá com a mama reconstruída. Isso é muito bom pra autoestima”.
“A cicatriz é apenas a lembrança do que vivi, sofri, mas venci”.
Ressignificar a auto-imagem
Se olhar no espelho e redescobrir quem é a pessoa que reflete faz parte do processo de algumas mulheres que enfrentam o câncer de mama. No caso da Lucilene, a retirada e a reconstrução da mama esquerda, além da queda do cabelo estão entre os pontos de destaque de todo o tratamento.
A psicóloga hospitalar Ana Paula Ferreira explicou ao G1 que a descoberta do câncer de mama traz consigo vários desafios à mulher, que refletem inclusive nos aspectos emocionais.
“Neste sentindo, principalmente, quando necessário a retirada da mama (seja completa ou parcial), o eixo emocional ligado a autoestima é também abalado e por vezes questionado, pois temos como parte da nossa construção de imagem pessoal o símbolo da mama ligado a beleza corporal, feminilidade, fertilidade e saúde e com a retirada, o medo, insegurança, incertezas, são sentimentos que favorecem a baixa autoestima”, reiterou.
A ressignificação e compreensão da imagem que a paciente tem si é um dos pontos mais importantes a serem trabalhados, pois é preciso “se permitir a novas descobertas”, de acordo com a psicóloga.
“O ser mulher deve ser fortalecido em si, por meio da valorização daquilo que você é (ganhos do autoconhecimento). Assim desenvolvemos a capacidade de nos amar, se cuidar, seja nos aspectos estéticos-escolha de roupas, cores, modelos, alimentação, exercícios e saúde em geral”, complementou Ana Paula Ferreira.
Conexão Azul Rosa
Lucilene faz o tratamento no Hospital de Amor da Amazônia, na capital Porto Velho. A unidade conta com o apoio da Azul Linhas Aéreas por meio do projeto “Conexão Azul Rosa” e a paciente está entre os auxiliados.
Em um período do tratamento, ela precisou ir ao Hospital de Barretos, interior de São Paulo, para uma sessão de radioterapia. O projeto da companhia, então, a amparou e a estudante viajou com um acompanhante, seu namorado.
“Se dependesse das minhas condições financeiras, eu não teria conseguido concluir meu tratamento. A Azul veio nesse momento mais difícil da minha vida e me acolheu. Tive o melhor tratamento”, disse Lucilene.
O projeto Conexão Azul Rosa existe há quatro anos e já beneficiou mais de 100 mulheres com a doação de passagens para se viajarem e seguirem com o tratamento com mais conforto, rapidez e carinho nesse momento delicado da vida.
Via G1 de RO – Por Jheniffer Núbia