Com a alta dos preços dos carros novos nos últimos anos, a busca por veículos usados se intensificou no mercado brasileiro. Embora a opção represente uma economia significativa, é indicado alguns cuidados que o comprador deve ter antes de fechar negócio. O histórico do automóvel pode revelar informações fundamentais para garantir uma compra segura e livre de surpresas desagradáveis.
Verificar o passado do veículo envolve mais do que apenas uma checagem visual. É preciso atenção redobrada com registros de sinistros, dívidas pendentes, adulterações na quilometragem e até se o carro passou por leilões. A negligência em relação a esses fatores pode levar a gastos inesperados, perda do valor de revenda e até problemas legais.
Histórico veicular: o que realmente importa
O primeiro passo recomendado é solicitar um laudo de vistoria cautelar, documento que detalha as condições estruturais e mecânicas do carro. Nele, constam dados sobre chassi, motor, câmbio, freios e possíveis reparos anteriores. Também é possível detectar se houve colisões que comprometeram a segurança do automóvel.
Além disso, serviços de consulta de histórico veicular ao puxar a placa ajudam a identificar pendências como multas, IPVA atrasado, restrições judiciais e alienação fiduciária. Essas informações são decisivas para entender se o carro está legalizado e pronto para ser transferido ao novo proprietário.
Outro ponto de atenção é a quilometragem. Embora a manipulação desse dado seja ilegal, ainda existem casos em que o odômetro é alterado para aparentar menor desgaste do carro. Cruzar informações de manutenção com o número de quilômetros rodados pode ajudar a detectar inconsistências.
Leilões, sinistros e trocas estruturais
Carros adquiridos em leilões, especialmente os classificados como “recuperados”, exigem um cuidado especial. Em muitos casos, esses veículos foram sinistrados e reconstruídos, o que compromete sua estrutura original. A revenda de automóveis com histórico de sinistro também é mais difícil, já que o valor de mercado tende a ser menor.
Em situações mais delicadas, carros que já foram batidos podem apresentar danos ocultos, como desalinhamento de chassi ou problemas no sistema elétrico. Inspeções técnicas feitas por profissionais especializados ajudam a identificar esse tipo de risco.
Procedência e documentação
Comprar de particulares pode parecer mais barato, mas requer mais atenção com a documentação. Já as concessionárias e lojas multimarcas, por lidarem com um volume maior de veículos, geralmente oferecem garantias limitadas e maior suporte na regularização da venda.
Independentemente da origem, é indispensável conferir o Certificado de Registro de Veículo (CRV) e se certificar de que todas as informações estão atualizadas. O comprador também deve verificar se o número do chassi confere com o gravado no motor e na carroceria, sinal de que não houve adulterações.
Test-drive e avaliação técnica
Antes de fechar a compra, realizar um test-drive é altamente recomendado. Ruídos anormais, dificuldades de arrancada, vibrações e falhas no sistema de freios ou direção podem indicar que o carro necessita de manutenção imediata. Um mecânico de confiança pode acompanhar a inspeção para avaliar o estado geral e apontar reparos necessários.
A verificação também deve incluir o alinhamento da carroceria, estado dos pneus, funcionamento dos sistemas de ar-condicionado e som, além dos componentes elétricos como faróis, lanternas e limpadores de para-brisa.
Cautela e informação
Adquirir um veículo usado pode ser um ótimo negócio, desde que o processo seja conduzido com cautela e informação. Avaliar o histórico do carro, verificar sua procedência e realizar inspeções técnicas são etapas essenciais para garantir uma compra segura.
Em um mercado cada vez mais dinâmico e com muitas opções, o consumidor informado se destaca ao evitar armadilhas e fazer escolhas mais conscientes. Afinal, mais do que economia, o que está em jogo é a tranquilidade no uso e a valorização do investimento feito.
