Uma garota linda, cheia de sonhos, uma princesa. É assim que a família de Meuki Malinkoski, de 17 anos, lembra dela.
Segundo os parentes da garota, ela estava com gripe há alguns dias. Meuki foi até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Candeias do Jamari e o médico receitou um xarope. Mesmo com o tratamento, não houve melhoras nos sintomas, onde reclamou que a garganta tinha piorado ainda mais.
Meuki mandou fotos do rosto inchado e disse para uma irmã que o xarope queimava mais ainda a sua garganta.
“Na quarta-feira (22), ela voltou a UPA com minha mãe e aguardou 5 horas para ser atendida. O médico aplicou apenas uma injeção e solicitou a compra de um Dramim (remédio para enjoos e antialérgico) e a mandou para casa. Nesse dia ela já estava escarrando sangue e com muita dor no peito”, afirmou Natali Malinkoski, irmã de Meuki.
Os parentes da vítima da suposta omissão, falaram que uma enfermeira teria dito que ela não era paciente preferencial, pois não apresentava febre.
“Ainda passaram muitas pessoas na frente dela. Ela voltou para a casa à noite, tomou o Dramin e foi tentar dormir, coisa que já não fazia há dois dias, pois estava com muita dor. Acordou por volta das 5 da manhã e foi fritar um ovo para comer. Depois de tomar banho, ela tossiu e saiu muito sangue. Minha mãe falou que ia levá-la ao hospital. Mas, primeiro passou na UPA novamente e negaram atendimento por não ser preferencial”, explicou Natali.
Um vídeo recebido pelo Rondoniaovivo mostra Meuki andando e entrando no carro da família, onde foi levada para um hospital particular de Porto Velho. Chegando lá, a levaram direto para o oxigênio.
A garota reclamava de dores no peito, onde uma tomografia apresentou o comprometimento dos pulmões dela. Foi feita uma drenagem para melhorar a respiração, mas houve alguns problemas, onde Meuki precisou ser entubada.
Na madrugada do dia 24 de dezembro, véspera de Natal, a adolescente teve duas paradas cardíacas, onde conseguiram reanimá-la. Porém, horas depois, ela morreu.
“Ainda consegui vê-la cheia de aparelhos e tubos. Estava viva apenas por aparelhos e meu pai disse para não desligar enquanto tivesse sinal de vida. Às 13 horas voltamos para casa e uma hora depois, meu pai recebeu uma ligação para voltar lá. Ele voltou com minha mãe, meu irmão, o namorado da minha irmã e um amigo. Fomos informados que nossa princesa teve falência múltipla dos órgãos e não resistiu”, lamentou Natali Malinkoski.
Para cobrar respostas sobre a morte precoce de Meuri, a família e amigos dela vão realizar uma caminhada em defesa do atendimento digno na saúde de Candeias do Jamari.
O ato vai acontecer na quarta-feira (29), com concentração prevista para começar às 17 horas, no complexo turístico Beira-Rio, onde pedem que os participantes usem máscaras e camisetas brancas.
Mais denúncias
Após a criação de grupos de WhatsApp para organizar um protesto e cobrar providências sobre a morte de Meuki, surgiram outros casos envolvendo supostas omissões na unidade de saúde de Candeias do Jamari, que é de responsabilidade da prefeitura da cidade.
No primeiro relato, uma mulher divulgou que o filho teve um problema no pescoço, onde gritava de dores. Ao ser levado para a UPA de Candeias, uma técnica ou enfermeira, teria dito que o problema não era grave e que bastava um leite quente com erva doce resolveria o caso da criança.
Em uma segunda denúncia, um homem afirmou que o filho de apenas três anos teria se afogado em uma piscina e ele acionou a ambulância. O menino não foi socorrido, pois o motorista do veículo de resgate teria se enganado no endereço e ido para outro local. Não há notícias se o menino conseguiu ser atendido e se conseguiu sobreviver.
Outro lado
A Prefeitura de Candeias do Jamari, por meio da assessoria de comunicação, informou que “o caso já está sendo apurado para verificar se houve negligência ou não por parte dos servidores da unidade de saúde, onde o prefeito e o secretário de Saúde estão acompanhando cada passo da situação”.
A nota também segue para verificar “se a jovem já estava em um grau elevado de infecção pulmonar, onde os laudos estão sendo levantados, para uma apresentação de resposta completa por parte da Secretaria de Saúde”.
O texto ainda destaca que “o prefeito está muito triste com a morte da jovem e chateado pela situação chegado a esse ponto, onde faz questão que o culpado ou os culpados sejam penalizados”.
Sobre as outras denúncias feitas por moradores de Candeias, “se essa falha de deslocamento ocorreu, é algo perdoável, pois pode acontecer. O secretário de Saúde está se empenhando em modificar a estrutura funcional, corrigindo erros que já existiam antes dele assumir”.
Sobre o caso da mãe que foi informada sobre a receita caseira de leite quente com erva doce aliviaria as dores do filho, a prefeitura informou que este caso ainda não chegou ao conhecimento do Executivo municipal.
Via Rondoniaovivo
Por Felipe Corona