Está comovendo o Estado de Rondônia a situação do morador de Colorado do Oeste, David Cecílio da Costa, de 41 anos, internado há mais de seis meses, entrando e saindo da UTI do Hospital de Base de Porto Velho a espera de uma cirurgia para troca de uma válvula no coração.
Diante da complexidade do caso, a reportagem buscou e conseguiu ter acesso ao processo judicial envolvendo o paciente, para informar à população sobre os trâmites legais que tem feito o caso de David se arrastar por tanto tempo, sendo que outros similares ocorridos no Estado já foram resolvidos em poucos dias.
Ao ler o processo, a reportagem constatou que ainda em Cacoal, onde ficou internado por dois meses, David foi avaliado por médicos do SUS e da rede particular, que de fato constataram deficiência no desempenho da válvula que o paciente implantou no coração, no ano de 2002, motivo este que o levou a ser transferido Porto Velho, onde o procedimento cirúrgico para troca seria realizado.
Porém, durante sua internação a espera do procedimento, Davi contraiu Covid-19 e precisou se reestabelecer antes da cirurgia.
Ainda internado, o coloradense foi acometido por uma trombose, que passou a necrosar seu pé esquerdo, tendo que ser submetido a uma cirurgia de amputação, assim como outra para trocar da bateria de seu marca passo.
Após essas intervenções, mesmo com prioridade de oportunizar ao Estado a realizar a cirurgia, o advogado da família entrou com pedido de sequestro do dinheiro público para que o procedimento fosse realizado particularmente, uma vez que se passou o prazo da liminar judicial para que a operação fosse feira. Porém, o judiciário indeferiu o pedido, diante das alegações da equipe médica de que o paciente já estava sendo tratado, e por estar debilitada não suportaria a cirurgia. Os médicos também disseram que a válvula cardíaca, que anteriormente apresentava defeito, se reestabeleceu e que o procedimento cirúrgico não é mais necessário, inclusive, dando alta ao paciente.
Mais uma vez o advogado de David interveio, solicitando uma perícia médica de um cardiologista que não faça parte do quadro de servidores do SUS, sendo esta também deferida pelo judiciário. Porém, o quadro clínico de David que é instável, o levando a entrar e sair da UTI constantemente, o que impossibilitou o procedimento, uma vez que para tal, o paciente precisa ser retirado da unidade em que se encontra internado.
No entanto, como David foi levado novamente para um quarto normal nesta semana, a previsão é que a referida perícia seja realizada dentro dos próximos dias.
Caso o cardiologista que irá realizar a nova perícia em David afirme que de fato há necessidade da troca da válvula que ele tem no coração, a expectativa é que a cirurgia seja feita pelo SUS no prazo máximo de 48 horas.
Apesar do processo, que tem recebido atenção imediata do judiciário, possuir laudos anexados que deixam claro o diagnóstico da equipe médica do Hospital de Base, de que o procedimento cirúrgico não é mais necessário, os mesmos profissionais não apresentam de fato um motivo para David transitar tanto da enfermaria para a UTI.
Fonte: Folha do Sul
Autor: Leir Freitas