A Organização da Aviação Civil do Ir ã anunciou que não entregará à Boeing e a investigadores americanos as caixas-pretas da aeronave ucraniana que caiu nesta quarta-feira (8), logo após decolar do aeroporto de Teerã. A aeronave transportava 176 pessoas. Ninguém sobreviveu.
A Convenção Internacional de Aviação Civil, da qual o Irã é signatário, prevê que fica responsável pela investigação o país onde a aeronave caiu (ou de onde ela partiu). Nesse caso, o Irã. Porém, a convenção prevê que o país fabricante (os EUA) e a empresa que o produziu, que é a Boeing, participem da investigação e tenham acesso às informações das caixas-pretas imediatamente.
Ali Abedzadeh, diretor da agência iraniana, afirmou que a investigação será feita no Irã, conforme prevê a Convenção. Os representantes da Ucrânia estarão envolvidos nesse processo, mas ele descartou entregar os equipamentos à fabricante Boeing e às autoridades americanas.
“Não daremos as caixas-pretas para o fabricante [Boeing], nem para os americanos”, afirmou o diretor dessa agência iraniana, Ali Abedzadeh, citado pela agência de notícias Mehr.
No entanto, ele não deixou claro se o Irã permitirá que os americanos acompanhem o inquérito.
As normas internacionais ainda preveem que também acompanhem a investigação, o país onde a aeronave pousaria (neste caso, a Ucrânia), países com fabricantes de peças do avião e países com passageiros que morreram na tragédia.
Queda da aeronave
A tragédia aconteceu poucas horas após o Irã ter disparado mísseis contra duas bases aéreas que abrigam tropas dos EUA no Iraque, em resposta à morte do general Qassem Soleimani. No entanto, não há informações sobre relação entre os dois casos.
A morte do importante comandante iraniano em um ataque americano em Bagdá, no Iraque, fez aumentar o temor de um conflito entre Irã e Estados Unidos. O governo do Irã prometeu vingança e bases americanas no Iraque foram atacadas por mísseis iranianos.
Causas da queda
O voo 752 da Ukraine International Airlines partiu às 6h12 (horário local), com quase uma hora de atraso, do aeroporto Imam Khomeini (Teerã) e tinha como destino o Aeroporto Internacional Boryspil, em Kiev, na Ucrânia. O avião caiu em Shahedshahr, no sudoeste da capital iraniana.
A Ucrânia participa das investigações feitas pelo Irã. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que uma comissão investiga todas possibilidades.
A embaixada da Ucrânia chegou a divulgar uma nota dizendo que, segundo informações preliminares, a queda do avião teria sido provocada por problemas técnicos no motor e descartando qualquer relação do incidente com terrorismo ou com os disparos de foguetes.
Mais tarde, uma nova nota destacou que as causas estão sendo esclarecidas.
“As informações sobre as causas da queda do avião estão sendo esclarecidas pela comissão. As declarações anteriores relativas às causas do acidente à decisão da referida comissão não são oficiais”.
Boeing
Em seu perfil no Twitter, a Boeing lamentou o incidente trágico e declarou que seus pensamentos sinceros “estão com a tripulação, os passageiros e suas famílias”. A empresa disse estar em contato e que apoia as suas clientes companhias aéreas. “Estamos prontos para ajudar da maneira necessária”, afirmou.
Passageiros
Reza Jafarzadeh, porta-voz da Organização de Aviação Civil do Irã, disse à televisão estatal que a aeronave transportava 167 passageiros e 9 tripulantes.
O ministro ucraniano de Relações Exteriores, Vadym Prystaiko, afirmou que no voo havia passageiros de 7 nacionalidades: 82 do Irã, 63 do Canadá, 11 da Ucrânia (9 tripulantes), 10 da Suécia, 4 do Afeganistão, 3 do Reino Unido, e outros 3 da Alemanha.
Não está claro porque tantos canadenses estavam a bordo, mas se sabe que a companhia aérea oferece voos relativamente baratos via Kiev para Toronto (Canadá).
O premiê canadense, Justin Trudeau, afirmou que o seu ministro de Relações Exteriores, François-Philippe Champagne, está em contato com o governo ucraniano. As autoridades do seu governo trabalham com seus parceiros internacionais para que a queda do avião seja cuidadosamente investigada.
Via G1