Os familiares da empresária Deysivânia Costa do Rego de Paula (foto no decorrer do texto), 36 anos, viveram momentos de terror no Lago Paranoá nesse sábado (29/1). A mulher perdeu o braço e teve parte do abdômen dilacerado ao ser atingida por uma lancha. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). A coluna apurou detalhes do caso com testemunhas, que narram tudo o que ocorreu no dia do acidente.
A reportagem confirmou que a embarcação pertence ao marido da vítima, o também empresário Sidiclei Paula. Ele contratou o marinheiro Bruno Lopes de Sousa, 25 anos. O ponto de partida foi a marina Naus, no Setor de Hotéis e Turismo Norte (SHTN). A lancha estava equipada com coletes e tem capacidade para 12 pessoas. Entretanto, oito participaram do passeio, entre elas duas crianças.
O passeio foi embalado por música, bebidas e churrasco. O grupo chegou a tentar ancorar nas proximidades do Pontão do Lago Sul. Porém, ao chegar ao local, os turistas decidiram voltar para o lugar onde estavam. Nesse momento, Bruno Sousa pediu ajuda a um dos passageiros, solicitando que apertasse o botão-guincho, enquanto descia a âncora manualmente.
O condutor da lancha teria explicado ao tripulante que o botão serve para destravar a âncora e que ele precisava do auxílio, pois teria de ir jogá-la no lago. Quando o marinheiro descia o equipamento, a lancha deu um arranque para a frente. Bruno Sousa caiu na proa.
Quando levantou, o jovem afirma que a embarcação deu ré, ocasionando uma nova queda. Ao levantar, ele lembra que começou a ouvir uma gritaria. Os passageiros começaram a falar: “Caiu na água!”. O marinheiro, então, desligou o motor da lancha.
Os familiares estavam aglomerados e desesperados, pois a mulher, que não usava colete, havia caído no lago com o filho, uma criança. Sidiclei Paula mergulhou no lago, enquanto Bruno ajudava a jogar boias e coletes. O menor foi resgatado, e o homem voltou para procurar a mulher.
Deysivânia Paula segurava-se em uma corda e foi vista pelo marinheiro. Sidiclei, então, nadou até a companheira e gritou: “Ela está sem braço!”. Quando a virou, viu que vítima estava com o abdômen dilacerado, com uma abertura grande, dando para ver os órgãos — essa parte do corpo estava dentro da água. O marido, portanto, não a levantou e disse que não teria como subi-la para o barco.
Os bombeiros foram acionados e chegaram, de jet-ski, após cerca de 15 minutos. A mulher foi encaminhada ao Hospital de Base, mas morreu por volta das 2h de domingo (31/1).
Bruno Sousa foi submetido a exame de alcoolemia realizado pela Marinha do Brasil. O teste apresentou resultado negativo. A documentação da embarcação também foi consultada e estava regular. Porém, devido ao acidente, foi instaurado inquérito administrativo na Marinha.
Investigação
À coluna, o delegado Tiago Carvalho, da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), explicou que os familiares serão ouvidos pelos investigadores. “Vamos colher as versões de todas as testemunhas para confirmar se houve alguma conduta relacionada aos comandos da embarcação e verificar se há prática de crime. Também guardamos elementos de informações que serão revelados por meio de provas periciais”, detalhou.
“Precisamos saber quais as circunstâncias em que o marinheiro pediu para que esse botão fosse acionado, se isso dá ensejo ou não a alguma responsabilidade e o porquê de a testemunha apertar outros botões e se ele poderá responder. Em tese, a depender dos elementos coletados, podemos entender pela não ocorrência de crime ou, quem sabe, ainda é prematuro dizer, por homicídio culposo”, destacou o delegado.
Férias
A vítima morava na Bahia e estava em Brasília passando férias com a família. Deysivânia Costa do Rego de Paula era casada com Sidiclei Paula e formada em serviço social, mas trabalhava com o marido em uma empresa de venda de peças de carros no estado nordestino. Horas antes do acidente trágico, o marido dela postou fotos no Lago Paranoá.
Via Metrópoles