Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra Francisco Veronezi Maia, a criança de 11 anos que morreu com o pai em uma queda de avião em Rondônia, pilotando um avião bimotor ao lado de um homem. (veja o vídeo abaixo)
Ainda não foi confirmado pelas autoridades se o vídeo foi gravado no mesmo dia do acidente aéreo em Vilhena e nem a identidade do homem que deixa a criança conduzir a aeronave.
No vídeo (veja em 0:58), o avião emite alerta de “terrain, terrain, pull up, pull up” (ou “terreno, puxar para cima”) — trata-se de um alerta automático de proximidade do solo, disparada para avisar o piloto quando o avião está próximo do chão. A mensagem orienta o piloto a subir o avião, de forma a ganhar altitude. O homem ao lado filma esse momento e tapa com a mão o prefixo no painel, de forma a impedir a identificação da aeronave.
O bimotor que aparece sendo pilotado pelo menino seria o mesmo que caiu numa área de mata fechada na divisa entre Rondônia e Mato Grosso, no fim de semana. Na ocasião, Francisco, de 11 anos, e o pai, Garon Maia Filho, morreram.
Pela legislação brasileira, para pilotar um avião é obrigatório ter mais de 18 anos, ensino médio completo e um cadastro junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A gravação divulgada nas redes sociais foi feita por um homem, sentado no banco do copiloto, e começa quando o bimotor está alinhado para decolagem numa pista de terra, numa área rural.
O homem então instrui a criança, pergunta se está tudo certo, sem obstrução à frente da aeronave, e pede para ele acelerar o bimotor.
“Peraí, tudo pronto? Nada na frente, tá ok. Vamos lá, 600 cavalos, pode empurrar. 600 Kikão, vai. Nossa senhora. Mão na manete, mão na manete. Fica com a mão aí e olha a velocidade”, diz o homem que supostamente é o piloto credenciado pela Anac para o voo.
Na sequência, é possível perceber o avião já no ar e os alertas sonoros sendo emitidos no painel do bimotor Beechcraft Baron 58.
Na mesma gravação, o homem aparece bebendo uma cerveja enquanto o menino manuseia sozinho o manche do avião. “O passageiro pode tomar uma, né Kiko?”, pergunta ao garoto.
Em outro ponto da imagem, o homem coloca o dedo sobre a numeração que mostra o prefixo do avião e justifica: “aqui tem que tampar porque se não tem uns p*** que enchem o saco”, exalta.
Queda em floresta
O Beechcraft Baron 58, que aparecendo sendo pilotado pelo garoto, caiu no último sábado (29) em uma área de mata fechada em Vilhena.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave das vítimas bateu violentamente contra as árvores, perto de um local conhecido como Cachoeira das Cavernas.
Houve um forte impacto e moradores da região ouviram o estrondo. O acidente com o bimotor aconteceu cerca de oito minutos depois do avião decolar do aeroporto de Vilhena rumo a uma fazenda de Comodoro (MT).
Garon Maia tinha 42 anos e seu filho, Francisco Veronezi Maia, 11. Os corpos deles foram encontrados junto aos destroços do avião.
Segundo apurou o g1, o menino passava as férias escolares com o pai, que pilotava a aeronave, e retornaria para Campo Grande, onde morava com a mãe. O Centro de Investigação de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) segue investigando as causas da queda do avião bimotor em Vilhena.
Segundo a Anac, o avião que caiu em Vilhena é um Beechcraft Baron G58, fabricado em 2011. A aeronave tinha permissão para transportar até cinco passageiros.
O avião tinha autorização para voos noturnos, inclusive estava registrado na categoria de serviços aéreos privados, e a situação de aeronavegabilidade estava normal.
Velório de pai e filho
Os corpos de pai e filho foram transladados de Rondônia para o Mato Grosso do Sul na noite de domingo (30), após liberação do Instituto Médico Legal (IML).
Pai e filho vão ser velados juntos em um cemitério particular da capital, e o sepultamento está previsto para acontecer nessa terça-feira (1º) em Campo Grande (MS).