A médica Sônia Valadares dos Santos, que morreu com mais quatro pessoas família da família após o carro cair dentro de um rio em Rondônia, havia se formado em medicina há um ano.
Segundo contou uma amiga, Sônia, 44 anos, sempre sonhou ser médica e como em Tangará da Serra (MT) — cidade onde morava — não havia curso voltado na área de saúde, há 15 anos ela decidiu fazer técnico em enfermagem e por isso precisava viajar de moto até Diamantino (MT), uma distância de 140 quilômetros.
Na moto, Sônia sempre levava amarrado ao corpo o seu filho João Carlos Valadares, que também morreu no acidente em Rondônia.
Depois de se tornar técnica em enfermagem, Sônia ingressou no Samu, onde não apenas se destacou dentro da corporação, mas ascendeu ao cargo de coordenadora e atuou por vários anos na região onde morava.
Determinada em estudar medicina, e com apoio do esposo, há cerca sete anos Sônia se mudou para o Paraguai para fazer a faculdade e realizar seu sonho. Em meio aos estudos, segundo a amiga, Sônia dedicava-se à confecção de bolos durante a noite. A fonte de renda ajudou no sustento do filho e também no pagamento do curso de medicina.
Sua formatura em medicina aconteceu há cerca de um ano e a médica conseguiu fazer o Revalida para atuar no Brasil. Ainda em dezembro do ano passado, Sônia fez um concurso público para médico geral em Ascurra (SC) e foi aprovada.
Sua lotação como médica saiu neste ano de 2023 para a Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr Armando Zonta, no centro de Ascurra.
Na semana passada, Sônia e parte da família decidiram visitar Cerejeiras (RO) para aproveitar o período de férias e Natal. Mas no último domingo (24), ao irem numa pescaria, o Mitsubishi Pajero que ela dirigia saiu da estrada e caiu com a família dentro do rio Santa Cruz, em Pimenteiras do Oeste (RO).
No veículo viajavam seis familiares, e morreram afogados: Sônia, seu filho João Carlos (de 22 anos), seus irmãos Marcos e Laicy Valadres, e o sobrinho Guilherme, de 9 anos. Apenas uma passageira conseguiu ser retirada e levada até a margem.
Segundo amigos, o Pajero envolvido no acidente havia sido financiado por Sônia após começar ela trabalhar como médica. Ela ainda estava pagando pelo carro.
Numa rede social, Sônia chegou a postar uma foto celebrando o momento que recebeu na concessionária a chave do utilitário esportivo para levá-lo embora.
Quatro metros de profundidade
O local onde o carro de Sônia caiu dentro do rio fica numa área rural de Pimenteiras do Oeste, sul de Rondônia, a cerca de 800 quilômetros de Porto Velho.
No domingo, ela e a família estavam a caminho de uma pescaria, quando o Pajero saiu da estrada e caiu no rio Santa Cruz, com quatro metros de profundidade. O veículo afundou rapidamente.
Outros parentes de Sônia que viajavam à frente, num segundo carro, estacionaram e correram para prestar socorro. Eles conseguiram retirar apenas uma mulher e levar até a margem.
As vítimas ficaram no fundo do rio por cerca de 20 minutos até que o veículo fosse rebocado e puxado por um cabo de aço.
Segundo os bombeiros, o carro que caiu em rio com família de médica estava com teto virado para baixo, no fundo do rio. A forma como o veículo ficou pode ter dificultado a saída das vítimas.
Nas redes sociais, amigos criaram uma vaquinha para pagar as despesas do funeral dos familiares.