O trágico acidente entre um caminhão e uma van que matou 12 pessoas chocou a população de Tocantins e as equipes de resgate. A enfermeira Taiwanne Nathali, que chegou ao local pouco depois da batida, contou detalhes dos momentos mais chocantes. Ela afirma ter encontrado Jordana Guedes Dias, de 21 anos, abraçada à filha de apenas 4 meses, Rute Guedes Dias. As duas já estavam mortas.
O acidente aconteceu na TO-280 perto de Natividade, no sudeste do estado, por volta das 20h40 de quarta-feira. As vítimas que morreram estavam na van, que pertence à Secretaria de Saúde de Almas.
Ao todo, morreram quatro homens, sete mulheres e um bebê. Eles voltavam de atendimento médico em Palmas. A enfermeira Taiwanne contou que, quando a equipe de socorro chegou, as 12 vítimas já tinham morrido.
“Ao chegar, a gente já percebeu que os pacientes já não tinham mais vida. Verificamos sinais vitais. Dois sobreviventes foram colocados na ambulância quando a gente chegou e foram encaminhados para Natividade.”
Para ela, um dos momentos de mais emoção foi encontrar Jordana e a pequena Rute ainda abraçadas. Deu para perceber que a mãe tentou proteger a bebê.
“Tiramos quatro vítimas antes de os bombeiros chegarem. É até emocionante por conta do que aconteceu. Encontramos a mãe e a bebê abraçadas. Acho que, na hora, tentando proteger, mas não conseguiu. As duas já estavam sem vida. O bebê estava em pé, e ela segurando”, disse.
Taiwanne relembrou que foi até difícil separar as duas: “Os bombeiros que conseguiram tirar o bebê e entregar para o técnico do hospital”, completou.
Na van também estava a cunhada de Jordana, Jailma Ramalho Costa, de 20 anos. Ela também não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
Taiwanne também lamentou a morte do motorista Luciano Antônio de Almeida, de 53 anos, que era colega dela na secretaria. “Um colega de trabalho da gente. Fica até difícil para ajudar no acidente. A gente não sabe o que fazer quando é alguém que a gente conhece.”
Todas as vítimas são moradoras de Almas, cidade que fica a cerca de 290 km da capital. Entre os mortos estão quilombolas, uma professora e servidores públicos da cidade.
Os moradores das cidades ainda estão chocados com a tragédia. O autônomo Elkson Carvalho Barbosa disse que conhecia algumas das vítimas e lamentou.
“Conhecia o Luciano, o motorista da ambulância, a Marcilene. Tem outros aí que eu conhecia. Conhecia uns três, quatro. É muito triste, muito chocante.”
Confira os nomes das vítimas:
- Deliana Rodrigues dos Santos, 29 anos
- Lucilene Ferreira Folha, 55 anos
- Jailma Ramalho Costa, 20 anos
- Antonia Fernandes Crisostomo, 58 anos
- Emilena Pinto de Oliveira, 37 anos
- Luciano Antônio de Almeida, 53 anos
- Marcilene Aparecida de Andrade, 56 anos
- Joaquim Pereira Valadares, 65 anos
- Wesler Ferreira Folha, 31 anos
- Jordana Guedes Dias, 21 anos
- Rute Guedes Dias, bebê de 4 meses
- João Batista de Oliveira, 68 anos
O acidente
Testemunhas informaram que o caminhão teria tentado fazer uma ultrapassagem, quando bateu de frente com a van, que estava na faixa contrária. Wanderson Oliveira Santos, que conduzia o veículo, estava com uma mulher. Os dois sofreram ferimentos leves, foram levados para um hospital e liberados após atendimento.
A Polícia Civil informou à TV Anhanguera que está recolhendo informações para definir se houve flagrante. Depois desse procedimento, o homem seria ouvido.
O motorista foi localizado no final da manhã desta quinta-feira (26), na casa de seu advogado em Natividade, e conduzido para a 98ª DP, para prestar depoimento.
A princípio, o Batalhão Rodoviário Estadual recebeu duas versões sobre o acidente, que devem ser esclarecidas pelo motorista.
A Prefeitura de Almas informou que deslocou equipes para o local do acidente e para o Instituto Médico Legal (IML) de Natividade, para acompanharem a liberação dos corpos, que foi finalizada no final da manhã.
O município informou, ainda, que está oferecendo todo suporte e apoio necessários aos familiares das vítimas e aos pacientes que estão hospitalizados.
Dois homens que estavam no veículo da Secretaria de Saúde de Almas sobreviveram: Aristides Curcino dos Santos, 68 anos, e Suel Martins de Oliveira, de 36 anos.
Um dos sobreviventes está internado no Hospital Regional de Porto Nacional, com quadro considerado estável. O outro foi transferido para o Hospital Geral de Palmas em estado grave para avaliação neurológica.