Subiu para quatro o número de mortos após o desabamento da ponte sobre o Rio Curuçá no km 25 da BR-319, no Careiro, a 102 km de Manaus. O corpo de mais uma mulher, de aproximadamente 25 anos, foi encontrado no local das buscas, ontem, quinta-feira (29).
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), a vítima já foi reconhecida por familiares que estavam no local. Todo o trabalho de necropsia será feito pelo Instituto Médico Legal (IML).
Ainda conforme o CBMAM, três veículos já foram retirados do Rio Curuçá, durante os trabalhos realizados nesta quinta. Outros quatro veículos ainda estão no fundo do rio, que tem entre 20 a 25 metros de profundidade. Quatro pessoas morreram e até 15 pessoas estão desaparecidas.
As buscas seguem no local, com a ação de mergulhadores a procura de desaparecidos e também trabalhando para içar veículos que afundaram com o desmoronamento da ponte.
Segundo a corporação, oito mergulhadores estão no local se revezando para os mergulhos. De acordo com o Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, Orleiso Muniz, a profundidade do rio dificulta a agilidade do içamento dos veículos e encontro de possíveis vítimas.
“Isso [profundidade do rio] dificulta o trabalho e é por isso que estamos fazendo tudo com muita cautela. Então, nós estamos retirando um veículo de cima do outro debaixo d’água, para que ele seja posicionado em um local adequado e a partir daí, seja feita o içamento com segurança”, disse o comandante.
O comandante ainda apontou que a área de vasculhamento foi ampliada para além da região onde aconteceu o desabamento da ponte. “Existe a possibilidade de no momento do acidente, pessoas terem caído e na tentativa de se salvar, podem ter nadado para um local afastado”.
As buscas iniciaram por volta de 6h e uma equipe de 40 homens do Corpo de Bombeiros está no local para tentar encontrar as vítimas da tragédia.
Para intensificar as buscas por pessoas desaparecidas, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) ativou um gabinete de crise para integrar as ações dos órgãos estaduais e federais envolvidos no resgate.
O gabinete de crise foi ativado no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), localizado na zona centro-sul da capital, sob a coordenação do secretário de Segurança Pública, general Carlos Alberto Mansur.
Ponte apresentava rachaduras
A ponte que caiu no Amazonas e deixou quatro pessoas mortas e ao menos 15 desaparecidos deveria estar interditada. Essa é a opinião de engenheiros especialistas consultados pelo g1 que analisaram as imagens do local e do acidente. A estrutura faz parte da BR-319, único acesso do Amazonas ao restante do país, e apresenta problemas há décadas.
Para o engenheiro civil Frank Araújo, do Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas (Crea-AM), o trânsito deveria ter sido completamente bloqueado, especialmente nos dias que antecederam o acidente.
“É uma situação grave, e o que nós entendemos que o Dnit se preocupou em não cessar o trânsito em definitivo naquele trecho. Na realidade, esse trânsito deveria ter sido proibido já há algum tempo, principalmente nesses últimos dois dias quando a situação era bem grave”, afirmou o engenheiro.